top of page

Sobre “O Homem Invisível” de H.G. Wells e o tema invisibilidade em narrativas


(imagem de "The Nobody", adaptação do clássico de Wells em HQ por Jeff Lemire)


Quando decidi ler “O Homem Invisível“, eu já esperava originalidade, considerando que o livro é pioneiro em histórias do gênero, junto ao seu autor, mas eu ainda me surpreendi. O protagonista é Griffin, um cientista que descobre uma fórmula para tornar-se invisível; o único problema é que ele, ao testar, não consegue voltar ao normal, estando preso em seu experimento.

Mesmo após mais de um século desde sua publicação, a obra de Wells é tão única que ainda é um dos poucos trabalhos que abordam a questão de forma tão completa. Enquanto a invisibilidade é geralmente usada como arma ou superpoder, aqui ela é representada como simplesmente um objeto científico, com características positivas e negativas, além de ter a necessidade de ajustes. É simplesmente fantástica a descrição de situações causadas pela invisibilidade, tal como sangramentos, a digestão de alimentos e o frio, quando a habilidade é exercida, já que o uso de roupas a tornaria inútil.

Essa genialidade também é aplicada na jornada psicológica do protagonista. Como espectadores, observamos Griffin enlouquecer pouco a pouco: já no início, presenciamos a raiva em relação ao experimento parcialmente falho, já que não consegue voltar ao seu estado normal, e sua paranoia de ter seu segredo descoberto, o que faz com que ele viva com sobretudos, chapéus, óculos escuros, entre outros itens, trancado no quarto da pensão onde havia se hospedado.

A narrativa também nos convida a uma reflexão sobre a moralidade do personagem: até que ponto a angústia de Griffin justifica suas ações? Em que ponto ele não tem escolha do que fazer, sendo atitudes criminosas a única saída daquela situação? Quanto tempo uma pessoa aguenta estar sem saída até começar a perder a sanidade?

Os outros personagens também podem ser analisados, pensando no quanto o desconhecido gera medo na sociedade, o que fez com que todos se virassem contra Griffin, e se teria sido diferente caso alguém o tivesse aceito e ajudado no experimento ou se havia sido outra coisa que cruzou a linha entre o são e o insano para o protagonista? Existem várias reflexões para as quais o enredo nos convida, fazendo deste um livro rico que é garantido que o leitor pensará sobre mesmo após o término da leitura!

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page