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"Skoob-ify" Unwrapped: Analisando minhas leituras de 2020


Segundo o Goodreads, li 38 livros no ano passado, totalizando 8475 páginas lidas. Mas isso não diz muita coisa (exceto que minha capacidade de concentração aumentou consideravelmente se comparada com a de 2019).

O primeiro livro que eu li no ano foi "O Homem Invisível", do H.G. Wells. A obra, apesar de curta, traz um ponto de vista original e único do 'poder' da invisibilidade, além de ser uma intrigante análise da moralidade de Griffin, o protagonista. É uma leitura rápida e um tanto angustiante, um trabalho que vale a pena ler, principalmente se você é fã de ficção científica.

Também preciso dizer que foi um ano movimentado para a minha prateleira (no Goodreads, já que livros físicos estão um tanto... caros... por que choras, leitor brasileiro que lê livros estrangeiros que custam o olho da cara quando convertido do dólar pro real?): seis dos livros presentes nela foram lidos em 2020. Sete, se considerarmos que reli "Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo" nesse ano também. Vou falar desses preferidos um a um, porque eles definitivamente merecem a atenção.

Começarei pelos que foram lidos primeiro: "Seraphina", escrito por Rachel Hartman, e sua continuação, "Sangue de Dragão". Esses dois livros estavam acumulando poeira na minha estante havia mais de um ano; eu os tinha recebido como presentes quando eu era menor e, na época (por volta de 2015, 2014), lembro que achei o vocabulário díficil e abandonei o livro. Mas, porém, entretanto... Encontrei esse livro sendo recomendado em um fórum LGBTQ+ (ou será que foi no Twitter?), "Sangue de Dragão" tendo personagens canonicamente não binários, sáficas e aquileanos. Decidi então lê-los, afinal que mal faria?

Não preciso dizer que achei ambos livros perfeitos, já que admito ser um tanto transparente em situações assim. Eu nunca gostei muito de ficção focada em dragões e/ou zumbis, pois eu gosto desses temas abordados de um jeito tão específico e raro de ver que eu acabei desistindo. Mas Rachel Hartman sabe exatamente como escrever esse tipo de narrativa e com maestria. Religiões e culturas inteiras foram criadas com detalhes maravilhosos, fazendo com que a construção do universo seja um espetáculo à parte; os personagens são multifacetados e misteriosos, tal qual a trama e o estilo da narrativa, além de um cenário político cuidadosamente planejado. Hartman dá prioridade aos conflitos sociopolíticos em relação à ação, à luta, e sincronizando problemas pessoais e sociais, aproveitando também poderes da mente (sim, de forma literal). Acho que isso já é suficientemente claro sobre o quão rendido e apaixonado eu estou por essa duologia.

O próximo livro que eu li em 2020 que se tornou um favorito foi "Os sete maridos de Evelyn Hugo", da Taylor Jenkins Reid. Todos os personagens são dolorosamente reais, cometendo erros, mas o leitor os ama mesmo assim. Mesmo alguns dos personagens secundários e passageiros deixam suas marcas, uma saudade no peito. Eu amei Celia desesperadamente, como Evelyn amou (Jenkins Reid consegue passar esse tipo de emoção durante a narrativa) e amei Harry, o melhor amigo de Evelyn. Eu amei os momentos felizes durante o livro e amei ser absolutamente destruído com suas passagens, trechos e momentos viscerais.

Então, eu li "Cemetery Boys", escrito por Aidan Thomas e mesmo antes de ler, eu já sabia que entraria para a minha lista de favoritos: envolve bruxaria, o Dia dos Mortos e um protagonista gay e trans, escrito por um autor trans. A narrativa é bem desenvolvida e tem plot twists que fazem sentido, os personagens são construídos com maestria e a representatividade não é nada menos que excelente. Esse livro também merece créditos por ser o único a ter Julian Diaz. Enalteça Julian Diaz.

Depois, eu li algumas ARC's pelo NetGalley e esse próximo livro é dessa categoria: "The Prince and the Thief", de P.S. Scott, que foi publicado no início de janeiro. O livro tem alguns furos, sim, alguns que eu percebi durante a leitura e outros que só chegaram à minha atenção por causa de resenhas, mas eu gostei tanto da experiência de ler esse livro que esses errinhos foram pequenos o suficiente para eu ignorar e dar cinco estrelas para o livro e adicioná-lo à minha prateleira dos favoritos. É um livro de fantasia com um sistema de 'poderes' similar ao do cartoon "Avatar: The Last Airbender" e com temáticas que eu gosto muito, como membro da realeza perdido e um romance entre príncipe e ladrão. (Leia com cuidado e precauções: esse livro precisa de vários avisos de gatilho, como pedofilia, estupro e menções de abuso, apesar de nenhum desses ter um tom de apologia, claro.)

E, por último, temos "These Violent Delights", escrito por Chloe Gong. É uma releitura de Romeu e Julieta, que seriam os protagonistas, Roma e Juliette, que são membros de gangues rivais em Xangai, nos anos 1920. A escrita de Gong é impecável, ainda mais considerando que esse livro é seu debut: códigos morais são explorados, cada personagem tendo sua própria complexidade, tendo reações únicas às situações nas quais estão. As palavras de Gong parecem te prender no sofá ou em qualquer lugar que você esteja lendo, e não te deixam sair até você acabar. Outra coisa que a autora abordou de um jeito genial foram os pontos de vista. Como escritor, eu conheço a dificuldade de escrever em pontos de vista diferentes; é uma boa maneira de desenvolver diferentes personagens, mas é preciso ter muito cuidado para que a narrativa não fique cansativa, o protagonista não seja esquecido porque você, escritor, se empolgou com os personagens secundários... mas Chloe Gong usou todas as suas ferramentas com perfeição. Os próprios pontos de visita eram usados para criar suspense, um capítulo se encerrando com um gancho para outro, mas de repente, o ponto de vista muda! E esse ponto de vista é tão bom que você mal consegue ficar decepcionado. O livro terá uma continuação e eu mal posso esperar para ler o que Gong criará dessa vez.

Espero que eu tenha conseguido despertar interesse em vocês para procurar saber mais sobre esses livros, porque eles definitivamente merecem sua atenção. E se você quiser saber mais sobre como foi meu 2020 em relação à literatura ou como meu 2021 literário está sendo em primeira mão, siga a minha conta no Goodreads, onde atualizo minhas leituras e resenhas.

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