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"QUEM MATOU CAPITÃO GANCHO?", por Anna Anchieta┇☆☆☆☆☆


Mal tenho palavras para descrever o quanto eu amo esse livro, uma releitura do clássico "Peter Pan", originalmente escrito por J.M. Barrie, mas eu vou dar o meu melhor, porque Anna Anchieta merece. Vou começar dizendo que a ambientação da cidade fictícia (e mágica ao extremo) de Nova Eldorado, o cenário de todas as histórias da coleção Abraqueerdabra, da qual "Quem matou Capitão Gancho?" faz parte.

A narrativa segue a jornada de Julian, filho de Jaime Gancho, se infiltrando no circo Terra do Nunca, onde o pai trabalhava como atirador de facas, para solucionar o mistério da sua morte, que todos acreditam ter sido um suicídio. O mistério da trama é desenvolvido com maestria e o trabalho de Anna com os personagens é simplesmente perfeito, cada qual tendo uma personalidade única e encantadora.

Eu amo releituras de clássicos e Anna Anchieta os constrói com perfeição, com personagens e tramas envolventes além de referências à obra original que deixam o leitor com uma sensação de nostalgia. Outro ponto que vale a pena ser comentado é a representatividade presente no livro de maneira natural: além de termos representatividade racial, com não só vários personagens secundários negros, mas o protagonista da história, também temos representatividade LGBTQ+, contando com a Sininho sendo uma mulher trans! Eu amei esse detalhe e o personagem da Sininho em geral: fez com que eu gostasse dela de novo, já que passei uma época achando ela meio chatinha.

Senti falta de rótulos de sexualidade durante a narrativa, porque... eu amo rótulos. Tenho um conforto imenso me descrevendo como lésbica, gênero fluido, poliamorista, e me orgulho da minha jornada para me definir com eles; eu também surto com o potencial de Peter Pan(sexual) há vários meses, por ser uma grande fã de trocadilhos (um guilty pleasure, admito), mas como isso não é nada como um dogma, cada pessoa tem uma relação diferente com rótulos, nem de longe considero isso um defeito do livro.

O final (não vou dar spoilers, não se preocupem) é um tanto aberto, mas não de uma forma frustrante, algo que eu raramente vejo e pelo qual parabenizo a autora. Tudo em "Quem matou Capitão Gancho?" está na medida certa e essa foi uma ótima forma de me introduzir à coleção Abraqueerdabra (eu sei que é o quarto volume mas as histórias são independentes umas das outras e eu precisava ler essa até o final de fevereiro). Deixo aqui minha apreciação a todos que contribuíram para esse livro maravilhoso, da própria Anna Anchieta até a Associação Boreal e Rebecca Braga, que recheou o livro de ilustrações fantásticas que contribuem com a ambientação e a imaginação das cenas narradas na mente do leitor.

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