© Leon Zernitsky
Não é incomum ver várias pessoas pedindo indicações de obras com representatividade, alguns encontrando o que procuram, mas outros, não. Algo que devemos nos perguntar é, (sim, o título da postagem) onde procuramos representatividade? Se procurarmos nas obras da J.K. Rowling, por exemplo, certamente não chegaremos a lugar algum, mas em Rick Riordan... também não. Okay, podemos encontrar alguma coisa, mas ainda não é cem porcento.
"Percy Jackson" foi criado com o próprio filho de Riordan, uma pessoa neurodivergente, em mente, para fazê-lo ver a si mesmo como herói em um mundo de semideuses que também são neurodivergentes, e que isso não faz deles piores. Isso é, sim, importantíssimo, e é impossível negar a importância de Nico di Angelo e Alex Fierro, os irmãos Kane, Samirah al-Abbas, entre muitos outros, mas não é a perfeição. Rick Riordan ainda é um homem branco, cis e hétero escrevendo essas narrativas e por mais que ele tente, suas obras sozinhas obviamente não vão tapar o buraco que a falta de representatividade na mídia faz em pessoas que fazem parte de comunidades marginalizadas. (Além disso, as declarações de Rick Riordan em relação ao paganismo são, no mínimo... questionáveis. Ou a falta de protagonismo sáfico em seus livros.)
Então, se Rick Riordan não é a principal fonte de toda e qualquer representatividade... qual é? E a minha resposta, caro leitor, é literatura independente. Ninguém conseguiria escrever tão bem sobre uma experiência do que alguém que passa ou passou por ela: obras com protagonismo lésbico escrita por lésbicas terão uma conexão maior com a lesbianidade, tal qual pessoas trans são as melhores para escrever histórias com protagonismo trans e por aí vai; e como poucas dessas pessoas são privilegiadas a ponto de conseguir dinheiro para revisores, designers para uma capa chamativa, publicidade, impressão de muitos exemplares, entre outros, temos muitos que decidem por publicar de forma independente e digital na Amazon.
Agora, e depois disso? A Amazon é uma empresa enorme e global, então existem muitos livros publicados na plataforma e filtrar os que lhe interessam é uma tarefa árdua. Mas eu estou aqui para te ajudar! Meu conselho inicial é procurar autores nas redes sociais: todos divulgam seus próprios trabalhos, claro, mas como amigo e seguidor de vários escritores (eu mesmo sendo um escritor, só que não publicado), eu posso afirmar que muitas vezes, andamos em bandos. Por isso, vou deixar aqui indicações de escritores e organizações nacionais que fazem parte de comunidades marginalizadas ou que amplificam vozes de pessoas que fazem e publicam trabalhos com representatividade diversas.
A Boreal é uma associação que tem como objetivo, de acordo com os próprios, impulsionar a literatura especulativa nacional. Eles foram os responsáveis pela publicação de "Quem matou Capitão Gancho", da Anna Anchieta, livro que já foi resenhado aqui no blog e mais uma obra da mesma coleção, "O Príncipe Anômalo", uma releitura LGBTQ+ de "A princesa e o sapo", está em pré-venda, sendo seu lançamento amanhã! O e-book está por R$9,99 na Amazon e estará disponível de graça através do Kindle Unlimited.
Ariel é um escritor trans, pansexual e assexual que escreve histórias com protagonismo LGBTQ+, além de também incluir outros tipos de representatividade em suas obras, tal como representatividade racial e de PCD. Ele também usa sua conta no Twitter para dar voz a outros escritores de comunidades marginalizadas, então vale a pena acompanhar sua página e seu blog, BuscoPan, focado em literatura pansexual.
Koda é um escritor que majoritariamente escreve histórias com protagonismo trans e negro. O autor tem "Jogador número 3", um romance focado em Dani, Alina e Guto, um trisal que está junto em quarentena, como um de seus títulos.
Na autoria da escritora bissexual, está "Conectadas", o aclamado romance sáfico publicado pela editora Seguinte. Ela também publicou o livro "Princesa da magia", inspirado na personagem Megara, de "Hércules" (sim, aquela do filme da Disney que trouxe bochechas rubras e borboletas na barriga a uma geração de pequenas sáficas).
Claro que eu tinha que incluir Victoria aqui! Ela escreveu o livro "Sob o céu de vagalumes", sobre o qual também publiquei uma resenha aqui no blog. A escrita dela é absolutamente maravilhosa e envolvente, e é certamente alguém que você deveria ao menos considerar ler.
É um portal nacional de atualizações literárias. Apesar de não ser focado em nenhuma comunidade ou minoria, já conheci vários livros e autores através de divulgações pela conta no Twitter do projeto, então vale a pena citá-lo aqui.
Esse blog é redigido pela Bianca e sua esposa, Renata, e o conteúdo é majoritariamente sáfico, sendo lesbianidade um assunto bem presente lá. Eu conheci o blog no Twitter, onde a Bianca tinha falado sobre um clube do livro sáfico, que eu imediatamente decidi participar. Estamos na segunda leitura do blog e além de eu não me arrepender nada de estar lá, eu vejo de primeira mão o quão profissional ela é, então certamente é alguém que eu recomendo seguir!
A página é administrada por Pétala e Isa, duas irmãs que falam sobre representatividade de diversas formas, geralmente focando em pautas como raça, gênero e classe. Além de terem começado o projeto #LeiaRepresentatividade, elas também publicaram um conto afrofuturista no livro "Vozes Negras".
Sintam-se livres para deixar indicações de escritores, projetos e afins que tenham foco na representatividade no campo literário. Como eu ainda não estou tão entrosado com esse... nicho, com a falta de uma palavra melhor, mas talvez eu faça outra postagem desse tipo futuramente, quando eu tiver mais recomendações, mas por hoje, é só. Vou me despedir aqui, mas quinta-feira nos encontraremos de novo!
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