Sucesso no Wattpad, ganhador do prêmio Wattys em 2020, já adivinhou qual é? É ele, o fantástico... "Nadando com as tartarugas"! Sim, eu sei que está no título da postagem, então vocês já sabem, mas esse livro merece a introdução dramática. Esse foi o livro escolhido para a leitura coletiva em um dos clubes do livro que participo, o Clube de Lesbos, organizado pela Bianca, do blog Resenha de Unicórnio.
"Nadando com as tartarugas" é uma história sobre Maria Isabel, uma adolescente recém-chegada na cidade de Alto-Mar, que acredita não precisar de ninguém. O livro começa com o primeiro encontro entre Mabel, apelido da protagonista, e Jasmine, uma intrigante menina que estuda na mesma escola que ela em Alto-Mar. A narrativa desenvolve o romance entre as duas, mas é muito mais do que isso: o livro é sobre luto, laços quebrados e transtornos psicológicos, trazendo uma visão única de cada um desses aspectos.
A história de Mabel é contada em primeira pessoa, a narrativa sendo intercalada de cartas da própria protagonista para Dante, seu falecido irmão mais novo, que tem uma presença forte no livro, mesmo já estando morto no início. Todos os personagens são extremamente complexos: cada membro da família lida com o luto de uma forma diferente e ninguém é perfeito (tirando Jasmine, ela é um anjo que nunca errou e eu insistirei nisso). O desenvolvimento dos pais de Mabel e do relacionamento da própria com eles me lembrou da minha própria dinâmica familiar, algo que me deixou emocionado durante vários momentos.
E o desenvolvimento dos personagens é tão bom quanto, mas vou focar no de Mabel: seu crescimento pode ser notado de várias formas, tal qual suas sessões de terapia narradas, que vão de impessoais onde Maria Isabel se fecha e compartilha suas vivências de forma superficial para sessões onde ela é dolorosamente honesta, até chorando em alguns momentos; o relacionamento dela com os personagens também muda de acordo com seu crescimento, o desenvolvimento de sua confiança em Jasmine, o conserto de sua relação com a mãe e todas as diversas emoções relacionadas ao reencontro om o pai depois de anos sem vê-lo.
Emely Luize desenvolve todos esses temas de forma fantástica, cheia de analogias de arrepiar, vários simbolismos e táticas de escrita, como, por exemplo, não ser dito que Dante está morto até a narrativa já estar avançada, deixando o fato apenas implícito. A escolha de narrar os sentimentos de Mabel dessa forma deixou a narrativa única, por espelhar os sentimentos da protagonista sem dizê-los: nem Mabel, nem a mãe aceitaram a morte de Dante, e a recusa delas em falar sobre o assunto, deixá-lo explícito, falam muito sobre o jeito com o qual lidam com o luto (o silêncio de Mabel e Sarah sobre a morte de Dante é ensurdecedor! Encaixando um meme aqui para aliviar o clima da postagem).
Por isso, esse livro é especial; ele trata de temas não tão diferentes, alguns sendo até mesmo classificados como clichês, mas de uma forma ou estilo de narrativa único. Se você está preparado para um livro que te joga no olho do furacão junto com a protagonista, com suas próprias emoções, opiniões e descobertas se misturando às dela, então "Nadando com as tartarugas" é perfeito para você!
Não quero transformá-las em algo triste, em uma metáfora pesada demais sobre o quanto eu sinto sua falta. Mas acho que é inevitável pensar em você, Dante. Às vezes, metáforas pesadas são inevitáveis também.
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